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2024-02-13 18:38:00

O Mosteiro de São Romão de Neiva, localiza-se na freguesia de São Romão de Neiva, no concelho e distrito de Viana do Castelo. Situa-se na margem esquerda do Rio Neiva na encosta de uma pequena elevação geográfica onde foi edificada a ermida de Nossa Senhora do Crasto, erigida pelos monges que habitavam o mosteiro.
A fundação do Mosteiro ainda nos dias de hoje está envolta em mistério, uma vez que não há qualquer documento ou inscrição que comprove a data efetiva. Os estudiosos do tema, têm apresentado algumas hipóteses, mas sabemos apenas que no século XI foi instituído pelo presbítero Quendano, ao qual se refere um documento datado de meados de 1020 e que este foi restaurado sobre a ordem Beneditina por alturas de 1087, data em que foi sagrada a igreja abacial.
Ao longo da sua existência, foi alcançando inúmeras doações e privilégios. Sabe-se que, logo em 1133, D. Afonso Henriques lhe concedeu
largas doações, e já antes dele, os seus pais, Henrique de Borgonha e D. Teresa, fizeram uma doação de bens e privilégios, juntamente com muito outros mosteiros do condado. D. Sancho I, em setembro de 1187, concedeu-lhe carta de couto. Este mosteiro, tinha na sua posse a maioria dos casais da região.
A grande crise económica que abalou a Europa em meados do século XIV, foi uma crise em três frentes, fome, peste e guerra: a Guerra dos 100 anos, iniciada em 1337, e a peste negra que ceifou a vida a um terço da população europeia. Estas duas, a que se juntou uma crise na agricultura e uma fome devastadora dizimaram a Europa e desertificaram cidades, paróquias e conventos. Com a crise, as dádivas começaram a ser menores, e muitos mosteiros e casas senhorias viram-se assaltadas e vilipendiadas.
Como consequência desse período conturbado verifica-se, também, uma diminuição abrupta do número de clérigos, por esse motivo, D. Fernando da Guerra (arcebispo de Braga), para resolver a crise nos mosteiros, permite que as igrejas das terras vizinhas sejam anexadas ao Mosteiro, notadamente a Igreja de São Paio de Antas em 1429, 1440 a igreja de Rebordões e em 1446 a Igreja de São Martinho de Vila Fria.
Sabe-se que essas anexações não resolveram a calamidade que se abatera sobre o mosteiro, pois em de 1455, o mosteiro ainda estava carecido de monges, pois não se encontrando entre eles quem assumisse o cargo de abade.
Depois de ter sido entregue aos abades comendatários o mosteiro foi visitado em 1564-65, pelo beneditino espanhol Frei Afonso Zorillha, que o encontrou completamente arruinado. Porém, o que o frei Espanhol encontrou foi os bens do mosteiro a ser usados em proveito próprio do Frade Comendatário Pedro Fernandes e que este e os seus religiosos viviam acompanhados das suas amantes e dos seus filhos. O Frade espanhol expulsou estes monges e colocou outros no seu lugar, cercou o mosteiro e mandou construir os edifícios necessários à vida comunitária.
Foi também por esta altura que entrou para a história deste mosteiro um dos mais importantes arcebispos da Arquidiocese de Braga, Frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo português que participou no Concilio de Trento e por volta de 1566, o “arcebispo santo” entregou o mosteiro à reforma da Congregação de São Bento de Portugal, porém, esta só vai tomar posse do convento passado três anos.
Nos finais do século XVII, ocorreu uma demolição parcial do mosteiro e da igreja românica, que foi substituída por outro edifício contruído nos princípios do século XVIII. As obras foram patrocinadas por Frei Nuno da Cruz, único herdeiro da família dos Pereira de Mazarefes e que, em virtude do seu voto de pobreza, pôde canalizar toda a herança para a reforma do mosteiro onde professara. As obras foram iniciadas em 1728 e perduraram pelo menos até 1736, ano da sua morte. Quando o monge faleceu, os seus familiares não permitiram que o dinheiro da sua herança continuasse a ser empregue na remodelação do mosteiro, ficando as obras interrompidas, como ainda hoje podemos verificar, o claustro incompleto e a igreja ausente da sua segunda torre sineira.
Em 1755 o mosteiro de São Romão de Neiva ainda se encontrava inacabado. Tibães, por essa altura, já era a casa mãe da Ordem Beneditina Portuguesa, e estava a sofrer uma reforma artística, no qual foi substituído o retábulo mor e os restantes altares. Contudo, os monges de Tibães, procuraram salvaguardar os antigos altares, e a solução encontrada para não os destruírem, foi enviá-los para São Romão de Neiva.
Encontramos essa transferência descrita no Livro das Obras do Fundo Conventual, disponível no Arquivo Distrital de Braga. Segundo esse documento, percebeu-se que o retábulo, pelas suas grandes dimensões, foi transportado em vinte e um carros de bois, seguindo as peças mais delicadas em cestos, à cabeça de quatro mulheres. Estas peças artísticas pertencem a Frei Cipriano da Cruz, conhecido como o monge arquiteto. Este processo de transferência do retábulo de Tibães para São Romão de Neiva, a que se juntaram dois altares do cruzeiro, dois outros de corpo da igreja e uma imagem de Nossa Senhora da Visitação, demorou 105 dias e teve um custo global de 10.000 reis.
Quanto à fachada da Igreja. De pleno gosto barroco, nela sobressai todo o conjunto de elementos que decoram o paramento central, delimitado por pilastras simples: o portal, o escudo de armas da ordem beneditina e o nicho (com a imagem de São Romão) numa composição vertical, ladeado por duas grandes janelas e por duas ovais. Os enrolamentos de cariz vegetalista e as volutas que os emolduram conferem uma riqueza e movimento com paralelo, ainda que um pouco mais sóbrio, no coroamento da fachada, onde um novo
nicho (com a imagem de São Bento) surge coroado por frontão interrompido e ladeado por aletas de grande dimensão. Verificamos ainda a presença de uma torre sineira refletida no outro lado junto ao complexo residencial, porém inacabada (assim como os claustros) com a morte do Frei Nuno da Cruz.
Em 1834, no âmbito da “Reforma Geral Eclesiástica”, empreendida pelo Ministro Joaquim António de Aguiar, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas religiosas de todas as ordens religiosas.
No mesmo ano, os mosteiros masculinos, foram encerrados e expulsos os seus religiosos, sendo nacionalizados os seus bens. Aos mosteiros femininos foi permitida a sua subsistência até à morte da última freira, só depois sendo encerrados e nacionalizados os bens.
Com a expulsão dos frades, o complexo foi nacionalizado e vendido em hasta pública. Sabe-se que em 1894 sofreu um grave incêndio e, em 1910, foi comprado por um comerciante de Barcelos, conhecido como “Pereirinha de Barcelos”. Dois anos depois, em 6 de fevereiro de 1912, Manuel Gomes da Costa Castanho, depois de regressar do Brasil, comprou-o para fazer dele sua habitação. Doou a igreja à freguesia, bem como o terreno para o cemitério.
Segundo os seus familiares, foi nesse mosteiro que ultrapassou a pneumónica, saindo apenas de dentro da cerca para ir comprar comida.
Em 1920, o deflagrar de um novo incêndio destruiu a parte habitacional, sendo necessário reconstruir toda a sua cobertura, do madeiramento às telhas.
Já na segunda metade da centúria, na passagem de 1960/61 ruía toda a abóbada deixando atrás de si um prejuízo incalculável (...) se o incidente tivesse ocorrido algumas horas depois, metade da população da freguesia tinha morrido debaixo dos escombros ao assistirem à eucaristia dominical.


Autor: Rodrigo André Vaz

 


Pode aqui aceder ao livro: "Um mosteiro em terras de Neiva"

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