História do Caminho de Santiago em São Romão de Neiva

Desde a Baixa Idade Média, S. Romão de Neiva tem feito parte do trajecto seguido pelos peregrinos que, vindos do sul, se dirigem a Compostela. Em tempos distantes, era no convento que encontravam alojamento e eram tratados das mazelas causadas pela caminhada. Entravam em S. Romão pela antiga ponte de madeira que atravessava o rio Neiva e foi destruída por uma grande cheia em outubro de 1868. Nessa altura, depois de passarem o rio para norte, os peregrinos entravam em terrenos, chamados então Lugar da Calafata, pertencentes à freguesia de Castelo do Neiva. Mais tarde, pelo decreto-lei nº 48.583, de 18 de Setembro de 1968, o referido lugar passou a pertencer à freguesia de S. Romão, a pedido dos respectivos moradores, chamando-se agora Lugar da Gândara. Os caminhantes continuavam para norte pela então chamada Estrada Real, que em parte do seu percurso era aproveitamento de uma estrada romana, ainda hoje existente.

A certo ponto, há uma bifurcação para nascente, conhecida por Caminho da Atalaia. O nome deste caminho deve-se, com certeza, ao facto de naquele ponto se proceder à vigilância que pudesse evitar assaltos aos peregrinos, frequentes vítimas de roubos e violências. Era pelo Caminho da Atalaia, que os peregrinos do passado se dirigiam para convento beneditino, onde encontravam a hospitalidade dos monges, descansavam e recuperavam forças para os cerca de 250 quilómetros que os separavam do santuário de destino. Perto da referida bifurcação há, na parede que ladeia o caminho pelo lado poente, uma pedra lavrada com uma cruz certamente indicativa do caminho compostelano. Está parcialmente mutilada no lado esquerdo, mas sem dúvida com alguma história interessante para nos contar.

Foi certamente por este caminho que personalidades importantes da vida portuguesa passaram nas suas peregrinações para Compostela: em 1220, D. Afonso II, 3.º rei da 1.ª dinastia, em 1258, D. Afonso III, em 1325, D. Isabel de Aragão, mais tarde Rainha Santa Isabel, acabada de enviuvar pelo falecimento do marido, o rei D. Dinis, 6.º rei de Portugal, em 1385, S. Nuno Álvares Pereira, e tantos outros. Averiguar quem, de facto, calcorreou estes caminhos é um desafio tentador para os jovens destas redondezas que, no ensino superior estejam a seguir estudos históricos e igualmente interessante como assunto de investigação para os peregrinos que aqui passam.

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Algumas imagens deste percurso